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  • Foto do escritorRoni Carlos Costa Dalpiaz

TURISMO DA HISTÓRIA EM TORRES

Como já escrevi sobre diversos assuntos mais de uma vez, às vezes me torno repetitivo. Mas é que volta e meia aparecem pessoas bem intencionadas, mas pouco esclarecidas ou sem conhecimento técnico, achando que estão fazendo alguma coisa nova. Mas na verdade estão repetindo antigos erros, geralmente por desconhecer a própria história. Não estou falando de alguém especificamente, estou generalizando.


Por este motivo vou repetir uma antiga crônica, baseada em outra ainda mais antiga que conta um pouco da história do turismo na cidade.

Confirmando o chavão usado pelo jornalista Eduardo Bueno “Um povo que não conhece a própria história está fadado a repeti-la”. Escrevo isso porque lendo alguns livros sobre a história do município de Torres vejo que muita coisa se repete.

“A política administrativa de uma cidade, que vive da indústria do turismo, contém nuanças bem diversas de outra cuja economia tenha por base a indústria diversificada ou a agropecuária. Nestas, a vida raramente é sacudida por acontecimentos sociais, têm um tranco certo, um ritmo, simplificando a esquematização administrativa. Nas outras, ao contrário, a vida é e deve ser essencialmente dinâmica, variada, cada ano renovada, tendo em vista a sua efêmera existência fora de seus eixos normais, comumente chamada de temporada, quer de praia, quer de serra. Autoridades, comércio em geral, toda a sociedade dessas cidades, de uma noite para outra são jogadas fora de seus trilhos comuns, exigindo assim, dos seus filhos, agilidade física e mental superior a dos outros. Apresentar coisa nova, mostrar interesse em agradar e servir seus visitantes (que constituem suas bases econômicas) é um dever daqueles que dirigem e vivem em tais meios”.

Esta crônica foi escrita em 1985 pelo escritor Francisco Raupp e como se vê está atualíssima. Sempre tivemos uma noção clara da nossa condição de vivermos basicamente do Turismo e isso não mudou e possivelmente não mudará nos próximos 30, 40 ou 50 anos. Toda a economia de Torres e do litoral norte do RS depende do Turismo, não podemos negar está marcado lá na história desta região. Alguns dirão que temos a indústria moveleira e a construção civil que modificariam esse pensamento de vivermos em função do verão. Mas para quem nós fazemos os móveis, para quem nós construímos? Não tenho dados claros, mas basicamente são para pessoas de fora da cidade, ou seja, veranistas (ou serão turistas que se transformaram em veranistas?). O que nos remete a questão da temporada descrita no texto de Raupp.

“Faz alguns anos publiquei no Correio do Povo uma crônica dando uma sugestão à diretoria do Colégio Marcílio Dias, à época, dizendo da necessidade de se incluir no currículo escolar primário do município algumas noções sobre como tratar os visitantes de Torres, bem como respeitar, não depredando suas propriedades, pois é bem mais fácil educar do que reeducar”.

Ano após ano a cidade e seus moradores se preparam para receber os turistas e veranistas e as dificuldades continuam a existir, uma delas é o bem receber citado por Raupp. Já naquela época ele indicou o caminho que muito mais tarde foi seguido, com a implantação da disciplina de Turismo nas escolas municipais. Esta ação tinha o objetivo de informar aos alunos do ensino fundamental no que consiste o turismo e suas implicações na vida das pessoas que vivem em destinos turísticos. A finalidade era formar esses alunos para que replicassem este conhecimento e o bem-receber aos familiares e amigos formando uma rede ampla e com longo alcance. Mas por várias dificuldades não conhecidas e também de operacionalização a disciplina foi suprimida novamente do currículo dessas escolas.

E a história se repetirá?


Referências

RAUPP, Francisco. Do alto da torre: crônicas. Porto Alegre: Movimento, 1985.

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