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  • Foto do escritorRoni Carlos Costa Dalpiaz

MAIS UM POUCO DE CASAS VELHAS – O PRESÍDIO


Em uma de minhas leituras de livros sobre Torres, encontrei uma crônica do saudoso Mário Krás Borges falando sobre a preservação dos prédios históricos, lá no ano de 1979. A “briga” pela preservação, como veem, é bem antiga (também).

“Sabemos que ainda existem alguns prédios antigos na cidade, além da Igreja Matriz de São Domingos, construídos em princípios do século passado e que representam a história viva de Torres, através dos tempos.”

No referido artigo, Mário, destacou alguns dos prédios históricos que ele considerava que deveriam ser preservados, entre eles estava o prédio do presídio “velho”.

“Além da igreja há mais dois vetustos prédios que merecem a sua preservação: a casa da Praça Cel. Severiano, de propriedade da família Gama, de Porto Alegre; e o chamado presídio velho, também de propriedade particular.”

O tal presídio citado por Mário Krás Borges, eu lembro de visualizar apenas seus escombros. Com o tempo, nem mais os escombros lá ficaram, só restou parte da escada de acesso ao local e nada mais.

Este prédio se localizava quase em frente a escola Sagrado (antigo CESD, ESD), na rua Júlio de Castilhos, bem ao lado de outro prédio histórico (ainda de pé), a casa do acendedor de lampiões da cidade, Eloi Krás Borges.

“Construído com grossas paredes de pedra e barro por primitivos habitantes de Torres, serviu, por largo tempo, para moradia. Localizado na parte sul da rua Júlio de Castilhos, nele funcionou o primeiro teatro de Torres, em 1910, segundo contam pessoas idosas que ainda vivem na cidade. Posteriormente serviu como quartel da antiga polícia municipal e cadeia civil, tendo mais tarde sido desocupado, face às precárias condições que se apresentava. E assim continua até hoje (1979) sem possibilidades de recuperação, pois as águas da chuva já se infiltraram nas paredes, ameaçando ruina. Se fosse conservado, hoje seria o prédio ideal para o futuro museu Histórico de Torres.”

Soa como ironia, mas a ideia de transformar em um museu, um local em que a água está entrando por seu telhado e destruindo tudo por dentro, lembra bem o que está acontecendo, hoje, com o prédio da antiga prefeitura que foi transformado em um Museu. Mário, em 1979, pedia a recuperação de um prédio para transformá-lo em museu e nós, hoje, solicitamos o conserto de um telhado para proteger um prédio que já é um museu.

Para encerrar, Mário Krás Borges, na proteção dos bens históricos da cidade, em 1979, já era combatido por alguns contrários a esta preservação. A eles, o cronista mandou este recado:

“Dirão os apressados: mas para que conservar essas velharias. No entanto citemos: A antiguidade é a aristocracia da história (A. Dumas). Grécia e Itália sem a grandeza do antigo, seriam um zero na Civilização. Ocorre que a maioria dos turistas ao chegar a uma cidade logo procura inteirar-se da sua história, visitando, de preferência, museus e admirando os monumentos históricos e arquitetura antiga. Ao chamarmos a atenção dos poderes competentes para a preservação destes últimos resquícios do patrimônio histórico da cidade, o fazemos sabendo que não será fácil.”

Naquele tempo não era fácil essa preservação e hoje também não é!


Fonte: Torres, histórias em crônicas. Organizadora Débora Fernandes, Idealizador Paulo Timm.


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